28.11.06

Timor-Leste e Portugal

Dia da declaração da independência em 1975. Foi há 31 anos. Há 31 anos começava também a invasão criminosa de Timor. Portugal passava um momento complicado e não conseguia fazer melhor do que "entregar" de forma atabalhoada o poder a certos sectores políticos das antigas colónias, deixando um cenário complicado para a desejada construção de Estados independentes.
O problema, claro está, vinha de trás, de um regime ditatorial e cego, mesquinho, enrolado na sua própria teia, sem respiração possível, sem capacidade de promover uma transição evolutiva para a democracia. A revolução de Abril fechou a página da ditadura e do volume I da História de Portugal (o Portugal do Império). O prefácio do volume II já vai longo e nada de extraordinário na definição de uma meta ambiciosa, com excepção dos esforços de algumas figuras da política nacional, profissionais do Estado (Civil servants) e alguns agentes da "sociedade civil" (empresários, trabalhadores, agentes culturais, músicos, pintores, escultores, poetas, escritores, desportistas, etc.), i.e., não há um desafio global inspirador, mesmo que constituído por parcelas mais pequenas de metas a atingir.
Há quase 31 anos os portugueses retiravam para Ataúro e deixavam os indonésios invadir Timor - não digo que houvesse outra hipótese, mas, se fossemos mais proactivos em vez de reactivos, podiamos agir por antecipação.
Ainda hoje me parece, por vezes, que os portugueses estão a ver Timor a partir da praia em Ataúro.

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