Timor-Leste: textos importantes
30/05/2006 - 08h33
Australianos intervêm em confrontos étnicos no Timor
Díli, 30 Mai (Lusa) - As forças australianas no Timor Leste tiveram hoje de intervir para pôr fim a confrontos entre grupos de civis armados no bairro de Fatuhada, no centro da capital timorense, Díli. Pelo menos cinco casas foram queimadas, e não foram registradas vítimas.Moradores do bairro contaram à Agência Lusa que os confrontos começaram por volta das 16h30 locais (20h30 de ontem em Brasília) e envolveram grupos das etnias loromonu - naturais dos distritos ocidentais - e lorosae - do leste do país.A Lusa testemunhou a saída do bairro de cerca de cem jovens armados com facões, machados, bastões de ferro e armas artesanais. As forças australianas apreenderam uma pequena bomba, "normalmente utilizada pela polícia para criar um elemento de distração", segundo um dos militares.A população do bairro, inclusive mulheres e crianças, estava deixando o bairro a pé quando a Lusa chegou ao local. "Se (o presidente) Xanana Gusmão e (o chanceler José) Ramos-Horta nos dessem armas, poderíamos defender nosso bairro", afirmou à Lusa um dos moradores, que disse ser loromonu. "A área do mercado de Comoro está cheia de armas, mas nós não podemos ir lá, porque está nas mãos dos lorosae", acrescentou.Nos últimos dias, Díli tem sido palco de confrontos entre grupos das duas etnias. Supostas discriminações étnicas são a base da crise que afeta as Forças Armadas timorenses pelo menos desde abril e que se estendeu à polícia. Com a deterioração da segurança na última semana e o desmantelamento da Polícia Nacional, as autoridades do Timor pediram ajuda militar e policial à Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal.História perdidaEm ataques hoje à Procuradoria-Geral e ao Ministério da Justiça do Timor Leste, foram perdidos documentos relativos à independência timorense da Indonésia, de 1999, além de processos da época e mais recentes.O procurador-geral Longuinhos Monteiro disse à Lusa que os autores dos ataques roubaram centenas de computadores, inclusive os que tinham as bases de dados da seção de Crimes Graves, que investigou os massacres de 1999 em que morreram cerca de 1.500 timorenses."Alguns documentos dos arquivos nacionais e processos que estão em investigação e outros de pessoas na cadeia também desapareceram", acrescentou. Além disso, segundo Monteiro, dezenas de jovens armados ataca ram o complexo da Medicina Legal. "Até entraram nos gabinetes dos médicos forenses, onde ainda estavam restos mortais de vítimas ainda não identificadas dos crimes de 1999. Viraram tudo do avesso e destruíram muitas coisas".Segundo ele, pode ser impossível recuperar grande parte dos registros roubados ou destruídos. O procurador-geral criticou o corpo diplomático e as Nações Unidas por não garantirem a segurança no local. "Há vários dias que apelo à missão da ONU aqui e às embaixadas da Austrália e dos Estados Unidos - dois dos países que mais dinheiro gastaram nos processos dos Crimes Graves - e ninguém mandou qualquer segurança", acusou. "Eu bem tentei impedir mais roubos, mas sozinho não consigo fazer nada".Monteiro comparou os ataques recentes na capital ao comportamento das milícias pró-Indonésia em 1999. "O comportamento é igual. Agora não há milícias, mas estes indivíduos comportam-se de mesma maneira. Não via nada assim desde 1999", comentou. "Saqueiam os locais e depois os queimam. A lei e a ordem não existem, não há polícia e locais como este estão totalmente na mão dos atacantes", disse.O ministro da Justiça, Domingos Sarmento, também admitiu à Lusa que foram roubados documentos importantes de seu gabinete no saque de hoje ao Ministério. "Ainda não verifiquei os documentos um a um, mas levaram documentos e computadores do meu gabinete e do gabinete do vice-ministro (Manuel Abrantes)", disse.
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ONU - Conselho de Segurança das Nações Unidas
Ministério da Justiça
Indonésia
Timor Leste
Xanana Gusmão
Díli, 30 Mai (Lusa) - As forças australianas no Timor Leste tiveram hoje de intervir para pôr fim a confrontos entre grupos de civis armados no bairro de Fatuhada, no centro da capital timorense, Díli. Pelo menos cinco casas foram queimadas, e não foram registradas vítimas.Moradores do bairro contaram à Agência Lusa que os confrontos começaram por volta das 16h30 locais (20h30 de ontem em Brasília) e envolveram grupos das etnias loromonu - naturais dos distritos ocidentais - e lorosae - do leste do país.A Lusa testemunhou a saída do bairro de cerca de cem jovens armados com facões, machados, bastões de ferro e armas artesanais. As forças australianas apreenderam uma pequena bomba, "normalmente utilizada pela polícia para criar um elemento de distração", segundo um dos militares.A população do bairro, inclusive mulheres e crianças, estava deixando o bairro a pé quando a Lusa chegou ao local. "Se (o presidente) Xanana Gusmão e (o chanceler José) Ramos-Horta nos dessem armas, poderíamos defender nosso bairro", afirmou à Lusa um dos moradores, que disse ser loromonu. "A área do mercado de Comoro está cheia de armas, mas nós não podemos ir lá, porque está nas mãos dos lorosae", acrescentou.Nos últimos dias, Díli tem sido palco de confrontos entre grupos das duas etnias. Supostas discriminações étnicas são a base da crise que afeta as Forças Armadas timorenses pelo menos desde abril e que se estendeu à polícia. Com a deterioração da segurança na última semana e o desmantelamento da Polícia Nacional, as autoridades do Timor pediram ajuda militar e policial à Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Portugal.História perdidaEm ataques hoje à Procuradoria-Geral e ao Ministério da Justiça do Timor Leste, foram perdidos documentos relativos à independência timorense da Indonésia, de 1999, além de processos da época e mais recentes.O procurador-geral Longuinhos Monteiro disse à Lusa que os autores dos ataques roubaram centenas de computadores, inclusive os que tinham as bases de dados da seção de Crimes Graves, que investigou os massacres de 1999 em que morreram cerca de 1.500 timorenses."Alguns documentos dos arquivos nacionais e processos que estão em investigação e outros de pessoas na cadeia também desapareceram", acrescentou. Além disso, segundo Monteiro, dezenas de jovens armados ataca ram o complexo da Medicina Legal. "Até entraram nos gabinetes dos médicos forenses, onde ainda estavam restos mortais de vítimas ainda não identificadas dos crimes de 1999. Viraram tudo do avesso e destruíram muitas coisas".Segundo ele, pode ser impossível recuperar grande parte dos registros roubados ou destruídos. O procurador-geral criticou o corpo diplomático e as Nações Unidas por não garantirem a segurança no local. "Há vários dias que apelo à missão da ONU aqui e às embaixadas da Austrália e dos Estados Unidos - dois dos países que mais dinheiro gastaram nos processos dos Crimes Graves - e ninguém mandou qualquer segurança", acusou. "Eu bem tentei impedir mais roubos, mas sozinho não consigo fazer nada".Monteiro comparou os ataques recentes na capital ao comportamento das milícias pró-Indonésia em 1999. "O comportamento é igual. Agora não há milícias, mas estes indivíduos comportam-se de mesma maneira. Não via nada assim desde 1999", comentou. "Saqueiam os locais e depois os queimam. A lei e a ordem não existem, não há polícia e locais como este estão totalmente na mão dos atacantes", disse.O ministro da Justiça, Domingos Sarmento, também admitiu à Lusa que foram roubados documentos importantes de seu gabinete no saque de hoje ao Ministério. "Ainda não verifiquei os documentos um a um, mas levaram documentos e computadores do meu gabinete e do gabinete do vice-ministro (Manuel Abrantes)", disse.
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