23.4.06

A alma não tem cor

Hoje deu-se a inauguração simultânea de uma série de exposições na Rua miguel Bombarda, no Porto. É já frequente que os galeristas do Porto acertem datas para inagurações simultâneas, "dividindo" desta forma os convidados e público. São inagurações abertas a qualquer pessoa, mesmo que sem convite, apesar deles existirem para o público "especial", o que, eventualmente, terá, mesmo em época de crise (para alguns), um eurozitos para gastar/investir em arte.
Deixo-vos com imagens da inauguração da exposição de Raquel Gomes, na Minimal, com o nome "A alma não tem cor". Abaixo poderão ler um texto sobre o seu trabalho, escrito para o desdobrável pela crítica italiana Simona Cresci.

Os trabalhos de Raquel Gomes nascem de um interessante duelo entre a escultura e o desenho, na invasão recíproca das duas dimensões expressivas; não se privando de nenhuma possibilidade, para melhor poder totalizar a disponibilidade da linguagem, os seus trabalhos assumem contemporaneamente a substância e a ideia, o particular e a essência do real.
A mostra percorre o léxico escultórico e gráfico da jovem artista, centrado nos objectos do seu quotidiano íntimo e pessoal, imerso numa realidade quase metafísica, que lhes confere um importante significado metafórico. Diante dos seus trabalhos emergem alusões visionárias que privilegiam o tema do corpo humano.
São símbolos convencionais que se transcendem na obra da artista em ícones de intensos e vivenciados estados de espírito: "Testemunho do tempo, do espaço e do corpo, os objectos e os acessórios do quotidiano que fazem a história dos dias e dos momentos, insinuam uma intimidade revelada…”
Nas obras expostas a figura feminina é evocada pela ausência. Tudo passa e tudo se estratifica, sobrepondo-se. Quer se trate de uma ideia, de um facto, de um minuto ou de uma hora. Ao observar a obra de Raquel Gomes pode-se entender por dentro a história da essência feminina. A artista, de facto, opera num espaço no qual impõe a sua sensibilidade psicológica, conceptual e antropológica e no qual elabora de cada vez um trabalho novo e original, uma análise do lugar a um tempo crítica e criativa, uma síntese poética e irrepetível na estreita relação entre ela e o espaço físico, mental, fantástico e íntimo.
A autonomia da sua visão artística é o produto desse hábito de liberdade, que no começo do século passado Virginia Wolf indicou como uma das condições necessárias para que nascesse aquela que seria capaz de dizer palavras novas sem ter de despojar-se do seu corpo de mulher.
Estas são as sensações que eu percepciono perante a sua obra em que tudo aquilo que vem dito se desenvolve num processo pessoal de conhecimento: sentimentos extraídos da representação de um universo íntimo, que atravessam a leveza da sua escultura, tornando-se espelho de emoções contrastantes e elemento determinante para a transmissão das próprias emoções.
Perante a sua obra o espectador vive as suas próprias emoções.


Simona Cresci

2 comentários:

Anónimo disse...

Really amazing! Useful information. All the best.
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Anónimo disse...

Super color scheme, I like it! Keep up the good work. Thanks for sharing this wonderful site with us.
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