31.3.06

Crianças de Timor

Crianças na Praia. Timor-Leste
(fotografia enviada por Eugénia Gonçalves)

O Pantalassa agradece mais esta belíssima e expressiva fotografia de Timor-Leste. Sorrisos únicos, com olhos bem abertos e felizes, na simplicidade das coisas boas.

30.3.06

Saudade de Timor-Leste

Praia da Areia Branca, Díli. Timor-Leste.
(Fotografia de Eugénia Gonçalves)

A Eugénia Gonçalves envia-me esta fotografia por correio electrónico. Crianças na Praia da Areia Branca em Díli. Serve para matar saudades? Não, serve para inquietar o espírito.
A Eugénia foi professora de Português em Timor durante uns anos. Deu o que tinha ao serviço de Portugal. Muitos dos professores de Ensino Secundário que lá estiveram, e estão, foram, e são, criticados injustamente na maior parte dos casos - sou disso testemunha. O seu trabalho era corajoso, empenhado, dedicado, inventivo em muitas ocasiões. Dizem as más línguas que não estão preparados para a tarefa que lhes distribuiram, que foram porque não têm emprego em Portugal, que vão ganhar muito dinheiro, e muitas outras balelas. Teorias, teorias, já diziamos na escola quando éramos putos. Toda a gente séria sabe que não vão preparados para os desafios, é certo, mas quem vai, e quem podia ir preparado? Podiam ir melhor preparados para o que vão encontrar? Sim, sem dúvida. Mas não da forma que para aí se apregoa. Além do mais, a culpa não é seguramente deles, é de que os manda, que não dedicou um segundo de honestidade intelectual a pensar a formação e o enquadramento de que lá colocou.
A maioria dos professores (já agora, convirá dizer que a maioria são mulheres) lutou contra grandes dificuldades, de ordem variada: organizacionais, logisticos, algumas vezes financeiros, falta de clareza das opções políticas, de apoio de rectaguarda e muito mais! Depois, quem cá está, na "metrópole", na "capital", esquece-os com facilidade, não os respeita! «Estão cá (lá) se querem, e fazem o que lhes mandam, porque há muito quem queira!» É Portugal.
Aproveito também para fazer uma homenagem a uma antiga aluna da UNTL (Universidade Nacional de Timor-Leste), a Geovânia Reis, que está a estudar Medicina na Cuba de Fidel. Bom trabalho, boa sorte, boa luta. Aguenta as saudades, tenta matá-las com esta fotografia do paraíso. Um abraço amigo de Portugal, com coração timorense.

Concurso "O Escritor Famoso"



Fruto da iniciativa, principalmente, da Maria do Rosário do Divas & Contrabaixos, está no ar mais um concurso "O Escritor Famoso". Vale a pena dar lá um salto e, já agora, participar.

29.3.06

Sé de Aveiro

Sé de Aveiro
(fotografia de Ângelo Ferreira)

Jornal da Nova Democracia

O Jornal da Nova Democracia, partido político, tem um link para o Pantalassa, aliás, corrijo, tem links para um vasto conjunto de blogues. Aderiu à blogosfera, não fosse a presença do João Carvalho Fernandes, dinâmico bloguista (não bloquista, naturalmente) da nossa Praça. O JCF está noutras lides, como poderão verificar acompanhando esta ligação ao editorial do jornal. Eu, pela parte que me toca, elogio as ligações aos blogues e agradeço particularmente a ligação ao Pantalassa. Um forte abraço e os votos, já agora, para que vossa acção enriqueça a vida partidária e a discussão política em Portugal, que bem precisamos.

28.3.06

Entrevista ao Bispo de Baucau, D. Basílio do Nascimento




Entrevista da jornalista Cecília R. Ximenes
Exclusivo com o Bispo da Diocese de Baucau D. Basílio do Nascimento: “Caso das F-FDTL dá imagem de insegurança, para Timor”

Segundo o Bispo de Baucau, D.Basílio do Nascimento, o problema na instituição das F-FDTL é muito preocupante e gera insegurança. O responsável pela Diocese de Baucau considera que o problema é um “pesadelo” para a segurança da nação e uma má imagem para o nosso país – que, em Timor-Leste, não estamos sossegados e os investidores tpassam a ter medo de investirem no nosso país.

Qual a sua opinião relativamente ao problema que surgiu na instituição das F-FDTL?
A melhor solução é que as decisões sejam tomadas pela via do diálogo. O caso que refere diz respeito a toda a Nação. A situação a que se chegou deveria ter sido tomada pelos tribunais, pois é a instância onde os militares envolvidos poderiam procurar advogados a fim de defenderem os seus direitos. O melhor caminho para resolver o problema… é como tomar uma decisão. A decisão é sempre difícil, porque devemos definir uma linha e um critério. Não há outro caminho, os governantes devem tomar boas decisões para esta nação. Mas, como sabemos, nem todas as decisões agradam – umas pessoas gostam outras não. Não podemos esquecer que quando se toma uma decisão pode haver também injustiça, mas se falarmos sobre a situação militar, penso que é a situação interna de Timor-Leste – conflito, como este, não podemos deixar a decisão para médio ou longo prazo, os que têm voz de comando devem tomar decisões para resolverem esses problemas.

26.3.06

Frases nas Paredes da Cidade Imaginária


"Yo no pedi nacer"
(fotografia de Maria Gomes, intitulada "A Tua Voz!" in Romã de Vidro)

Spin DJ is a God


Não perca este filme fantástico.
Fica a pergunta: era bom se a vida fosse assim?
Bom fim-de-semana.

25.3.06

Isto também é Lusofonia

Povos * Lusofonia
Para quê escrever outro texto quando o de outra pessoa, neste caso do Francisco José Viegas, diz aquilo que queremos dizer?


Imigrantes
«Agora, o que eu queria dizer é isto: não vejo razão para que, num processo rápido, com documentos claros e com boa-fé (naturalmente, a análise do registo criminal e de outros papéis constantes do processo actualmente em vigor), não se legalizem todos os imigrantes residentes em Portugal, que provem estar a trabalhar e em condições de trabalhar e que, por consequência, aceitem as leis portuguesas. Depois desse processo decorrer é mais fácil e mais justo aplicar as leis de controle à entrada de estrangeiros imigrantes e falar de legitimidade para esse controle. Uma das razões: regularizaria a vida de milhares (muitos milhares) de cidadãos estrangeiros que estão a trabalhar em condições precárias e facilitaria em muito o trabalho do aparelho fiscal (além das contas da segurança social, creio eu).»

(leia o texto integral)

O sangue do crocodilo

Povos * Lusofonia

Maubara, Timor-Leste
(fotografia de Ângelo Ferreira)

Hoje acordei com uma saudade anormal de Timor. Decidi portanto partilhar convosco mais uma bela imagem da Ilha Verde e Vermelha, e sofrer um bocado aquela dor agradável e inexpugnável. Por baixo da espuma dos dias, permanece uma onda silenciosa, um mar todo, que transporta a intensa relação com o sangue do crocodilo. Palmeiras ondulam verdes, eucaliptos esbranquiçados e contorcidos olham o azul onde mergulha a montanha. A noite desce e com ela o sol cai no horizonte aparentemente devagar. Na Baía há sempre a promessa de um novo dia, uma manhã de cheiros tropicais.

24.3.06

Porto

Outros * Vastidão

Já que estamos a falar do Porto, aqui fica uma fotografia desta belíssima cidade, de que tanto gostamos.


(fotografia de Ângelo Ferreira)

Prelúdio

Escritas * Livros


Aqui há uns meses, mais precisamente em Dezembro, escrevi uma entrada no antigo Pantalassa sobre um jornal de nome Prelúdio (do Liceu Alexandre Herculano no Porto), que o Miguel Oliveira me tinha emprestado e onde se podiam ler, entre tantas coisas fantásticas e de qualidade, poemas belíssimos feitos por rapazotes de 15/16 anos, mais coisa menos coisa. Desse primeiro número cheguei a publicar dois poemas, um de Manuel Alegre e outro de José Miguel Leal da Silva, o cabeçalho do jornal (imagem) com o nome dos redactores e do Prof. Orientador (Dr. Cruz Malpique), de quem já ouvira e lera muito a respeito, como grande pedagogo (não me entendam mal, este era mesmo professor) e promotor de leitura. Recordo o texto introdutório que então escrevi:
«Esta publicação do Liceu Alexandre Herculano, feitinha pelos alunos de então, é uma preciosidade. Eu, que sou um jovem, portanto insuspeito, posso bem dizer que antigamente havia coisas que já não há. Era bem diferente o ensino. Claro que houve a democratização e o país melhorou muito no acesso à educação, sem dúvida. Mas lá que agora já não se fazem coisas como o PRELÚDIO, lá isso não. Faltam professores como o Dr. Cruz Malpique, faltam exigência, rigor, seriedade. Será que não podemos ter isto com a democratização? Será que não podemos ter rigor e bons professores? Podia ir mais longe, mas fico-me por aqui. Ah, e convém dizer que não estou a dizer que todas as escolas são assim, claro que há muitas e honrosas excepções -- lá se ia o meu futuro político.
Julgo mesmo que foi neste número 1 do PRELÚDIO que o Manuel Alegre terá publicado pela primeira vez, a avaliar pela idade que teria na altura. O seu poema "AS ROSAS DA MOCIDADE" virá já a seguir, e muitos ensinamentos... Até mais.Boa tarde.*AEF»
Está ainda por cumprir a promessa de editar mais coisas daquele jornal fantástico, sobretudo se tivermos em conta uma leitura dos tempos, e das capacidades que aqueles jovens já demonstravam, mas lá iremos - é uma promessa!
Por curiosidade, teimosia e sorte, depois de "googlar" na internet, consegui encontrar um dos redactores do jornal, desse primeirinho Prelúdio: o José Miguel Leal da Silva. Foi para deixar uma espécie de prenda, afinal estávamos em Dezembro e o Natal aproximava-se. Julguei, como se fosse para mim mesmo, que esta recordação não seria mau presente.
Agora, que já respondi à pergunta do Leal da Silva, deixo aqui a ligação à sua explicação sobre a fundação do Prelúdio que é muito importante porque esclarece factos menos claros. E, já agora, não resisto, fica um um excerto para abrir o apetite:
«Deixou-me verdadeiramente sem fala, este poemeto escrito há 53 anos. Eu, que dos meus escritos nunca guardei nada [7], que do "Prelúdio" não guardei um número sequer, vim encontrar aqui um bocado de mim, transportado no tempo. Foi interessante, logo no dia de hoje. Acrescento apenas que se chamava Célia, que tinha de facto cabelos loiros e olhos muito azuis.
E fico-me por aqui, algo comovido, como se de um mirante eu pudesse ver os passos todos, bons, maus e assim-assim (estes os piores) que desde aí percorri. Deixarei algumas notas para responder a questões pendentes [8,9,10]. Recordarei que o "Velho Alexandre" [11] está a comemorar o seu Centenário e direi, a fechar, por que razão não vou por lá os meus pés. O argumento pode residir no desconforto de ver por ali, avelhentadas como eu, tantas celebridades; a razão, essa, é uma única, que peço emprestada ao Pavese mas que faço muito minha, agora só neste momento: "Nada é mais insuportável do que o lugar em que se foi feliz."»
Devo dizer que é para mim, e de certeza para o Miguel Oliveira, um prazer e uma grande alegria este Encontro!
O Prelúdio, esse, será aqui divulgado como fonte do nosso prazer e exemplo para pedagogos e seus instruendos... E algo me diz que vamos ter uma grande ajuda...

21.3.06

Changara - Dia Mundial da Poesia

ESCRITAS * Livros

(fotografia de Ângelo Ferreira)


Changara

Engoliram luas as crianças de Changara
Os olhos delas são pássaros tristes sem voo
que no desespero da fome acumulada
comem estrelas como se fossem grãos de milho.
Quando as sementes secaram nos campos
e o sangue secou nas veias dos rios
e a seiva secou nas veias das plantas
e o sol secou os celeiros da aldeia,
serpentes famintas silvam em volta
do peito cindido. Uma toupeira chora
ao frémito dos imbondeiros. Grave,
arde sobre a erva amarga a dor:
Das luas engolidas pelas crianças
quantas tardará a ecoar nos jornais?

JULIUS KAZEMBE
in "Vozes poéticas da lusofonia", Sintra, 1999

Mensagem de Fernando Pessoa


ESCRITAS * Livros

I. O INFANTE

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma,

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te portuguez...
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Fernando Pessoa
~

Baía de Díli ao amanhecer. Fotografia de Ângelo Ferreira.

Inauguro o novo Pantalassa com este magnífico poema, que diz muito de um certo sentimento, um sentimento largo, de braços abertos ao Mundo, à Humanidade - aquilo que queremos neste espaço. Adiciono uma imagem da Baía da Díli, o lugar mais oriental da língua, essa pátria de carne, de sangue, de lágrimas, de alma. Esse Portugal por cumprir é mais do que a mera história dos homens de hoje e de ontem, é um Mundo melhor, de fraternidade e paz - um desejo e uma causa.
Este será um espaço de escritas e leituras, de livros, ah os livros! Será também um espaço da língua portuguesa e das outras, e dos povos e das culturas, procurando cumprir-se o «mar que une». Será uma aprendizagem mais do que um ensinamento. É aprender que nos apaixona, o saber e os saberes.
Um abraço de muita amizade aos outros membros do Pantalassa que aqui se vão aventurar, lançar ao mar. E a todos os navegantes que quiserem saltar para esta nau, esta barcaça que não é imediata, não é certamente apenas aquilo que nela quiserem ver, mas antes um caminho, uma descoberta, uma construção. Aqui não há assim tantas certezas, mas há paixões e vontade, e há dúvida. Mas não há medo.
Sejam pois muito bem-vindos!

6.3.06

Festa de Inauguração

No próximo dia 21 de Março, Dia Internacional da Poesia, será inaugurado o novo Pantalassa. vai haver leitura de poesia, espumante da Bairrada, bolinhos, rissóis, croquetes, leitão também, danças e contradanças e muita letra!
Está feito o convite. Aparecem por cá, que serão bem recebidos.
*AEF