4.8.06

Sobre a escolha da língua portuguesa (em Timor)

Comentário de leitores do blog Timor Online:
Dos leitores:Nos nao somos lideres mas somos Timorenses e vivemos ja alguns bons anos para conhecermos o suficiente a Historia recente de Timor. Apos o 25 de Abril de 74 em Portugal, surgiram em Timor quatro Partidos ou Assossiacoes Politicas, como quiserem. Sao eles, por ordem cronologica, a UDT, a ASDT que se transformou em FRETILIN, a Apodeti e o Partido Trabalhista. Revendo os seus Estatutos e Programas Politicos, todos eles defendiam a manutencao da lingua portuguesa num futuro Timor separado de Portugal, incluindo a Apodeti que preconizava a integracao de Timor na Indonesia. Durante a ocupacao Indonesia, a Resistencia em todos os seus ducumentos oficiais, escritos, audios e audiovisuais, eram produzidos em Portugues e em Tetum. A Alfabetizacao que se fazia no mato era feita nessas duas linguas. Nas zonas ocupadas a Indonesia proibia o ensino do Portugues, lingua que era tambem proibida de ser falada. A unica escola que se ensinava o portugues era o Internato de S. Jose, pertencente a Igreja Catolica foi violentamente fechada. A introducao do Bahasa Indonesio foi forcada. Lembro que muitos jovens Timorenses eram recrutados e sobretudo os filhos daqueles que mais beneficiavam da presenca dos javaneses, para estudarem na Indonesia. Muitos deles, apos 6-18 meses de curso regressavam a Timor, ja \'nao sabiam\' falar o Tetum: ai-dila funan, ja diziam aidjila funang! Era In na altura comportar-se assim, pois ir a Indonesia era adquirir um outro estatuto. Este estatuto significava tambem deixar de comer com faca e garfo ou faca e colher, para comerem com os dedos! Outra das novidades adquiridas era descalcarem os sapos sempre que se sentam numa cadeira ou sofa com os pes em cima delas! Era uma maneira de serem iguais... aos indonesios.Lembro-me de um episodio que se passava na festa de um casamento em Dili ainda durante a ocupacao. O anfitriao era o actual Embaixador da Indonesia em Portugal, Francisco Lopes da Cruz. O Bispo de Dili de entao D. Carlos Filipe Ximenes Belo foi tambem convidado. Estiveram igualmente presentes altas figuras civis e militares do regime de Suharto. Depois do anfitriao botar o seu discurso, todo ele feito em Bahasa asli, o mesmo solicitou ao Bispo Belo que dissesse umas palavras em saudacao aos recem casados. Contrariando as tendencias… o Bispo Belo falou em Tetum e rezou em Portugues!Mas voltemos as linguas... No Congresso Nacional Timorense realizado em Peniche, Portugal, em 1998, foi adoptada Uma Carta Magna, e nela se defendia claramente o Portugues e o Tetum como linguas Oificiais para Timor-Leste. Participava nesse Congresso todas as componentes da Resistencia Timorense, incluindo a Igreja Catolica. Reflectindo a Magna Carta, a Constituicao da RDTL voltou a consagrar as duas linguas, a Portuguesa e a Tetum como linguas oficiais de Timor-Leste. Felizmente com a reintroducao da Lingua Portuguesa em Timor-Leste e com a massificacao do ensino, ja sao dezenas de milhares os jovens e criancas Timorenses que comecam a falar a lingua portuguesa. Sabemos e estamos conscientes que eh um processo longo , dificil, com muitos entraves e ate boicotes, mas ja esta a dar os primeiros frutos. O esforco de centenas de professores portugueses, brasileiros e timorenses nao esta sendo em vao.